sexta-feira, 30 de maio de 2014

Um milhão de pedacinhos....


Fazer mosaico, para mim, é algo mágico, quando eu vejo uma parede em branco, já penso em caquinhos...
Na minha sétima internação para tratamento de dependência química, encontrei uma parede triste no refeitório, e lá fui eu falar com o dono da clínica, um judeu, difícil de conseguir alguma coisa, principalmente se fosse mexer com o bolso dele...
Eu já estava lá há 2 meses, era uma pessoa participativa, no começo tive alguns obstáculos, pois cheguei lá contra a minha vontade, me deram tantos remédios que não conseguia comer sozinha, tomar banho, enfim, passou...
No dia em que tive a consulta com o Dr., pedi gentilmente a ele que cedesse aquele espaço para que eu pudesse fazer um mosaico, mas que ele me auxiliasse comprando os azulejos, cola e rejunte. Ele ficou me examinando como se aquilo fosse algo impossível e caro. Novamente eu olhei, dei um sorriso e falei: Dr., quero lhe deixar bem claro que o dinheiro precisa circular, fazendo este lindo painel a sua vida vai prosperar.
Na hora ele deu uma gargalhada, pois eu desmontei ele falando isso. E assim iniciamos esta parede que, olha, deu trabalho....
Geralmente, quero fazer um monte de coisas e, quando consigo, fico na dúvida do porquê quero fazer !!!
Era uma clínica feminina, assim chamei as outras internas que curtiram a minha ideia e eu comecei a ensinar o mosaico.
No total, demoramos 4 meses para concluir, pois tínhamos muitas outras atividades para fazer, mas tendo um tempo vago, estávamos lá.
Sou bem grata a todas as meninas que me auxiliaram, pois nossos nomes estão assinados lá.
Percebo que este processo de fazer mosaico em paredes grandes dá uma vida para o lugar e, em uma clínica, que a energia já é um pouco pesada e depressiva,  anima um tanto as pessoas.

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