quinta-feira, 2 de março de 2017

aprendendo a viver


Sou uma pessoa livre, mas para chegar aqui foi uma longa caminhada...
Bem, deixa explicar melhor, sempre fui livre, nasci livre, porém eu mesma me aprisionei.
Por longo tempo culpava a tudo e a todos pela minha dependencia química, os meus pais que foram muito liberais, ou que as coisas não eram do meu jeito, até o dia que me acordei. 
Despertei pra algo tão simples e profundo, e aceitei que sou totalmente responsável por tudo que me aconteceu e acontece e também pelo que virá acontecer.
Não existe dificuldade de se entender isso, mas existe uma rebeldia.Ah ! Essa tal rebeldia, na verdade o que não gosto, aliás não suporto, é o controle, é ser mandada, alguem dizendo o que devo fazer, mas quem é que  gosta? 
Quem acha bom cumprir ordens de um chefe autoritário, mal humorado, só pra não ser demitido ?
Bem, por muitos anos não tive chefe, fazia meu próprio horário, trabalho autonomo, free, livre pra criar minha arte.
É que faço arte cm as mãos, tenho esse dom a 14 anos, de fazer mosaicos, criar harmonia de formas e cores a partir de caquinhos quebrados. 
Eu mesma divulgava minha arte, buscava contatos, pegava encomendas e realizava livremente esse trabalho.
Mas de repente, me senti sozinha, sem ocupação, meio sem rumo, como se não tivesse um lugar no mundo só por não ter um "emprego" formal.
Então, fui a luta, enviei dezenas de currículos e nada. Até que consegui uma vaga, num trabalho que não é minha área, mas estou "empregada" e agradeço por isso, em meio a tanta crise econômica.
Só que.....sou como um pássaro, não posso viver presa. Até fico. mas não consigo cantar nem brilhar !!
O bom de tudo isso é que existe o final de semana, e posso me alegrar com os mosaicos.
E tem também meu curso de psicologia...E isso é uma outra história. 


sexta-feira, 30 de maio de 2014

Um milhão de pedacinhos....


Fazer mosaico, para mim, é algo mágico, quando eu vejo uma parede em branco, já penso em caquinhos...
Na minha sétima internação para tratamento de dependência química, encontrei uma parede triste no refeitório, e lá fui eu falar com o dono da clínica, um judeu, difícil de conseguir alguma coisa, principalmente se fosse mexer com o bolso dele...
Eu já estava lá há 2 meses, era uma pessoa participativa, no começo tive alguns obstáculos, pois cheguei lá contra a minha vontade, me deram tantos remédios que não conseguia comer sozinha, tomar banho, enfim, passou...
No dia em que tive a consulta com o Dr., pedi gentilmente a ele que cedesse aquele espaço para que eu pudesse fazer um mosaico, mas que ele me auxiliasse comprando os azulejos, cola e rejunte. Ele ficou me examinando como se aquilo fosse algo impossível e caro. Novamente eu olhei, dei um sorriso e falei: Dr., quero lhe deixar bem claro que o dinheiro precisa circular, fazendo este lindo painel a sua vida vai prosperar.
Na hora ele deu uma gargalhada, pois eu desmontei ele falando isso. E assim iniciamos esta parede que, olha, deu trabalho....
Geralmente, quero fazer um monte de coisas e, quando consigo, fico na dúvida do porquê quero fazer !!!
Era uma clínica feminina, assim chamei as outras internas que curtiram a minha ideia e eu comecei a ensinar o mosaico.
No total, demoramos 4 meses para concluir, pois tínhamos muitas outras atividades para fazer, mas tendo um tempo vago, estávamos lá.
Sou bem grata a todas as meninas que me auxiliaram, pois nossos nomes estão assinados lá.
Percebo que este processo de fazer mosaico em paredes grandes dá uma vida para o lugar e, em uma clínica, que a energia já é um pouco pesada e depressiva,  anima um tanto as pessoas.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Minha vida em caquinhos...

Comecei essa arte em 2002 com a orientação, na época, de Prem Mukty Mayi, no começo achava tudo aquilo uma chatice de ficar colando caquinhos, principalmente que me sentia obrigada a fazer, por ser parte de minha terapia. Aprendi para auxiliar da minha doença da dependência química .
Naquele ano eu não compreendia bem qual a finalidade daquela terapia, mas o tempo passou e fui percebendo que conforme eu encaixava as peças do mosaico, a cada azulejinho colado eu integrava também dentro de mim matéria, espírito e emoção. Assim desde de 2005 o mosaico tornou-se profissão e paixão.
Quando as peças não se encaixavam, observava que tinha algo errado e logo vinha uma recaída na droga, pois naquele momento não conseguia lidar com certas situações.
Hoje me encontro em recuperação há 1 ano e 11 meses e feliz por continuar colando os meus caquinhos internos e externos, fazendo lindos mosaicos que até eu me surpreendo.
O mosaico é Arte e ´Terapia, pois junta a criatividade num processo de "renascimento", dentro e fora , pois se quebra um azulejo inteiro para se construir uma nova forma.
E vamos mosaicar...